[recomendação das almas/ recomend’as almas/ imitação das almas]
Ritual muito antigo, provavelmente surgido na Europa por volta do século X, mistura ritos cristãos e pagãos. Perdura até os dias de hoje, principalmente nas comunidades rurais ou em pequenas cidadezinhas, onde o movimento noturno é pouco intenso.
O objetivo da encomendação das almas é apagar o “fogo da purificação”, ou seja, fazer descansar as almas que não estão no céu nem no inferno, que ainda cumprem uma pena de purificação num lugar intermediário, o purgatório.
A encomendação é uma prática repleta de segredos, envolta em mistérios e misticismos. Sempre feita durante a quaresma, principalmente na semana santa, no silêncio da noite, enquanto as pessoas estão recolhidas em suas casas.
Os que participam do ritual se reúnem na casa de uma liderança e, por volta da meia-noite, seguem em caminhada por algumas casas da cidade ou da roça. Em silêncio, homens e mulheres vão caminhando, envoltos em lençóis brancos, com velas nas mãos. É regra não olhar pra trás, pois acredita-se que com eles segue uma procissão de almas acompanhando o cortejo.
Quando chegam à porta de uma casa, tocam seus instrumentos (o réu-réu, a matraca e o zum-zum) para acordar quem está lá dentro. Os moradores acordam e rezam dentro de casa, enquanto os outros rezam do lado de fora. Não se deve abrir a janela para ver o cortejo e ninguém sai para acompanhar. Desta maneira, a procissão segue madrugada a fora, sempre neste mesmo ritmo “sinistro”, rezando para as almas que ainda estão entre nós.
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