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O Congado de Nossa Senhora do Rosário de Visconde do Rio Branco e o Terreiro Caboclo Estrela do Oriente têm a mesma origem. Algumas pessoas acham que o Gongá é ainda mais antigo, mas acreditamos que os dois foram fundados na mesma época. De acordo com a memória oral da comunidade têm aproximadamente 113 anos de existência, portanto, desde 1897.
Seu criador e patriarca da família Muniz foi Erli Muniz, mais conhecido por Dodô. Sempre no mesmo lugar onde hoje se encontra, no bairro Filipinho na cidade de Visconde do Rio Branco. Africano de nascença foi criado por uma família em Ubá, mudando-se já adulto para Rio Branco. Casou-se com dona Maria da Conceição Ferreira (Maria do Dodô) com quem criou os filhos e deu continuidade às tradições.
No Congado também tivemos Reis Congo como seo Orozimbo, africano de nascimento e João Batista de Souza (Johnny Black), que hoje é Rei do Meio. Atualmente a responsabilidade dessa coroa é de Jorge Muniz (Jorge Maestro). Hoje também está à frente do Gongá e do Congado a Rainha Ginga e Yalorixá do Terreiro Maria do Rosário, junto dela sua irmã Silvalina Rosa, Rainha Conga e Valtencir Muniz, Capitão de Guarda. Referencia para todos do congado é também seu Jovi, dona Joana e tantos outros mais velhos ou mais jovens e varias crianças que mantém a tradição viva.
Nossa festa acontece dia 13 de maio. São três dias de celebração, começando com a Gira de Preto Velho na sexta feira e indo até o cortejo do Congado no domingo. A comunidade do Alto da Velha, da Rua Maria Dodô em peso participa ajudando a levar a todos a beleza da cultura afro mineira.
por Valtencir Muniz (capitão de guarda)
Para saber mais:
livro Folguedos da Mata
dvd Cores da Mata
Os Encontros de Jongueiros e Caxambuzeiros tiveram início pela iniciativa do professor Hélio Machado, da UFF (Universidade Federal Fluminense) da cidade de Santo Antônio de Pádua/RJ em 1996.
Naquela época reuniram apenas o Caxambu de Miracema e o de Pádua.
O segundo encontro foi realizado em Miracema e o III em Pádua novamente. A dimensão era reduzida, mas já recebia visitantes de fora, ganhando visibilidade. Então, em 1999 oraganizaram o IV Encontro nos Arcos da Lapa no centro da cidade do Rio de Janeiro, contando com a participação de outras comunidades do estado e ganhando assim uma dimensão maior.
Os jongueiros se organizaram em uma "Rede da Memória do Jongo e do Caxambu", se articularam com produtores e artistas e conseguiram patrocínio de empresas privadas e estatais. Em 2005 a manifestação ganhou o título de Patrimônio Cultural Brasileiro, concedido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Em 2008 fizeram o XII Encontro de Jongueiros e Caxambuzeiros em Piquete/SP e organizaram o Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu.
Naquela época reuniram apenas o Caxambu de Miracema e o de Pádua.
O segundo encontro foi realizado em Miracema e o III em Pádua novamente. A dimensão era reduzida, mas já recebia visitantes de fora, ganhando visibilidade. Então, em 1999 oraganizaram o IV Encontro nos Arcos da Lapa no centro da cidade do Rio de Janeiro, contando com a participação de outras comunidades do estado e ganhando assim uma dimensão maior.
Os jongueiros se organizaram em uma "Rede da Memória do Jongo e do Caxambu", se articularam com produtores e artistas e conseguiram patrocínio de empresas privadas e estatais. Em 2005 a manifestação ganhou o título de Patrimônio Cultural Brasileiro, concedido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Em 2008 fizeram o XII Encontro de Jongueiros e Caxambuzeiros em Piquete/SP e organizaram o Pontão de Cultura do Jongo/Caxambu.
Patrocínio de Muriaé é uma cidadezinha perto de Muriaé com aproximadamente 5 mil habitantes. Em um bairro rural, Sapucaia, mora Geraldo Navalha, caxambuzeiro velho, mas também palhaço de Folia de Reis, brincante de Boi Pintadinho, benzedor de pasto, médium espírita, vidente e curandeiro.
Com pouco mais de 70 anos, seo Geraldo se diz mesmo é caxambuzeiro. Nasceu em Espera Feliz, mas foi conhecer o Caxambu em Caiana, com seo Totonho Vitorino. Depois em Tombos, com seo Liberato e dona Maria Juvená.
Em Patrocínio conheceu dona Emília, famosa na cidade e na vizinhança:
Em Patrocínio conheceu dona Emília, famosa na cidade e na vizinhança:
“Encontrei essa senhora batendo em uma pracinha, em uma esquina e eu quis entrar, mas quando eu entrei ela mandô chamá dois polícia para me tirar da festa que ela estava. Eu, conversando com o policial falei para ele:
_Se essa moça... não tem um bom assento, não pegasse, então, porque eu vou entrá nessa briga até amanhã... Aí o policial falou com a senhora, negra, de bem anos, e ela tava com o pessoal dela, com os caxambuzeiros dela... Ela foi lá e chamou assim, um menino, joão bobo, perto dela...
_Vai comportar como um bom rapaiz?
Acompanhei ela muitos anos. Ela tava em cima de uma cama, aí ela mandou me chamar, eu fui, ela estava em cima de uma cama pra morrer, entre a vida e a morte e virou e disse:
_Fica com meus toco de pau! E carrega meus compromisso todo pra você, única pessoa com coragem.
...
Esse é o sonho que eu tinha na vida e mais nada. E esse sonho aqui (indicou batendo nas caixas). Eu acho que só Deus me tira esse sonho aqui. Enquanto vida eu tivé...”.
O Caxambu de seo Geraldo muitos anos acompanhado de sua irmã (já falecida) e depois de sua esposa e outros companheiros como Jorge Pratinha e Ademar. Durante muitos anos animaram a festa junina tradicional da Fazenda Ipiranga em Sapucaia.
Veja mais:
Miracema é uma pequena cidade no Noroeste Fluminense, vizinha da Zona da Mata Mineira. Região que teve grandes fazendas de café no século XIX. Dessas fazendas surgiram os batuques feitos pelos africanos escravisados que mais tarde deram o nome de Caxambu.
O grupo que existe hoje em Miracema é um dos mais ativos da região. Conta atualmente com mais de 90 componentes, entre adultos e crianças.
A liderança maior do Caxambu de Miracema é dona Aparecida Ratinho, nascida na cidade de Barão de Monte Alto, Minas Gerais, e criada em Miracema. Seu neto Rogério também se destaca com um forte trabalho com os jovens e as crianças do bairro onde moram, o Alto do Cruzeiro.
Além do Caxambu, que dona Ratinho pratica desde jovem e que aprendeu, junto com os trabalhos do Centro de Umbanda com sua avó, também têm uma Folia de Reis Mirim, o Boi Pintadinho com o Bate Pau, a Escola de Samba e a Festa do Divino.
O Caxambu bate tradicionalmente no dia 13 de maio, dia de São Benedito e dos Pretos-velhos, mas também se aresenta em outras festas na cidade e na região.
Hoje em dia fazem parte da "Rede de Memória do Jongo e do Caxambu" e do "Pontão de Cultura do Jongo e do Caxambu", o que projeta a comunidade para além de seu território, tecendo uma rede de relações com outras comunidades que ainda praticam o Caxambu e o Jongo.
Para saber mais:
Em meio à sociedade escravocrata, as comunidades negras brasileiras reescreveram sua história e identidade criando Irmandades e rituais específicos.
No Congado reis e rainhas negras são coroados e todos celebram a liberdade, reforçam os laços de solidariedade, remetem à África mítica e reverenciam Nossa Senhora do Rosário e outros santos. Louvam cantando e dançando em cortejo pelas ruas por ocasião dos festejos em torno do Rei, da Rainha e de sua corte.
Nas Embaixadas, que rememoram antigos embates ou negociações entre nações, dramatizam com falas longas e ritmadas. No Congado de Nossa Senhora do Rosário de Visconde do Rio Branco Rei Congo e Rei do Meio relembram o mito de Nossa Senhora ao visitar uma igreja:
_"Que gente são essas"?
_"Nós somos da Serra Rosada, e viemos trazer Nossa Senhora para sua morada."
Segundo contam os antigos, uma imagem da santa foi encontrada em uma loca de pedra e levada pelos congadeiros para a igreja, a partir daí ela se tornou protetora deles.
Essas e outras histórias fazem parte de nossa cultura afro-brasileira, nos mostrando quão rica e singular são suas manifestações.
Como referência pesquisamos: *Negras Raízes Mineiras- Os Arturos, de Núbia Pereira de Magalhães Gomes e Edmilson de Almeida Pereira.
*História, Mito e Identidade nas festas de Reis Negros no Brasil- Séculos XVIII e XIX, de Marina de Mello e Souza.
Para saber mais: